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Atendendo aos inúmeros pedidos, o espetáculo "Medeia Vozes" retorna em cartaz!

Após a grande repercussão do espetáculo de vivência “Medeia Vozes”, com todas as sessões lotadas na Terreira da Tribo, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz homenageia e presenteia os seus espectadores com uma nova temporada do espetáculo, agora com entrada franca! 

De 8 de maio a 6 de junho (sextas e sábados), às 19h30 na Terreira da Tribo!

Foto: Pedro Isaias Lucas

*O Tempo de Medeia é hoje!
Por Fábio Prikladnicki

Em Medeia Vozes, o Ói Nóis Aqui Traveiz celebra uma estética política e uma política estética plasmadas em 35 anos. Para quem é da minha geração e acompanhou apenas os últimos 10 ou 12 anos, é estranho pensar no Ói Nóis como arauto da postura agressiva com a qual foi associado nos primeiros tempos. O grupo é, acima de tudo, signo de acolhimento, por mais que alguns momentos nesta peça nos provoquem sensação de insegurança.
Experimentamos a hospitalidade na maneira como os atuadores se relacionam com os espectadores, respeitando seu espaço, mas convidando-os a estar dentro da cena. Isso aparece no ritual de primavera, em que um grupo de atuadoras oferece pão e frutas secas, sempre olhando nos olhos. O teatro de vivência do Ói Nóis é uma obra de arte total em um sentido que Wagner jamais imaginaria.
Baseada no romance homônimo de 1996 da escritora alemã Christa Wolf, Medeia Vozesé uma releitura revolucionária da tragédia de Eurípides. Nesta versão, a personagem – brilhantemente vivida por Tânia Farias – não comete assassinatos. A feiticeira movida pelo ciúme ou pela honra retratada pelo tragediógrafo grego dá lugar a uma ativista em busca de justiça social. Ao tentar desenterrar os esqueletos que fundam o reino de Corinto, é perseguida pelo poder instituído. Não é uma peça sobre como o poder patriarcal acabou com a vida de uma mulher. É sobre como esse poder acabou com uma ideia de civilização.
Mais uma vez, o Ói Nóis não está falando de um mito que ficou no passado. Medeia ecoa as mulheres que sofrem mutilações genitais na África, estrupros sistemáticos na Índia e violência doméstica no Brasil. Essa atualidade é sublinhada pela inserção de depoimentos contemporâneos em meio à trama, esta contada de forma não cronológica. A própria Medeia se desdobra em muitas: há a Medeia lírica da primeira cena, a Medeia irônica que questiona Jasão (Eugênio Barboza), a Medeia corajosa que desafia Acamante (Paulo Flores) e, por fim, a Medeia exilada. Essa dramaturgia sofisticada, que opera em uma estrutura que tem algo de onírico, pode dificultar o entendimento de quem não está familiarizado com a história.
A estrutura cênica funciona de forma parecida com os espetáculos de teatro de vivência apresentados nos anos recentes. A complexa cenografia, que ocupa diversos ambientes da Terreira da Tribo, é impressionante, mas não tanto quanto os figurinos.
Já a performance é fresca, como se fosse a primeira vez, e intensa, como se fosse a última (isso lembra um manifesto divulgado por eles no início dos anos 1980 segundo o qual "é necessário atuar como se fosse a última vez que tivesse algo a comunicar aos demais"). Aqui está um espetáculo ao qual você não hesita em conceder cinco estrelas.
Ao final, como de costume, o grupo não retorna para receber os aplausos. A imagem de Medeia vagando pela Rua Santos Dumont, onde fica a Terreira, reverbera na mente dos espectadores como um alerta de que é preciso fazer algo. E rápido.

*Crítica publicada no Jornal Zero Hora em 18 de setembro de 2013.

Medeia Vozes ganhou o Prêmio Açorianos em 8 categorias (melhor espetáculo, atriz para Tânia Farias, cenografia, iluminação, trilha para Johann Alex de Souza, dramaturgia, produção e direção), além do troféu do Júri Popular. E em 2014 ganhou mais um prêmio açorianos na categoria de melhor espetáculo, concedido pela EEPA (Escola de Espectadores de Porto Alegre).

Serviço: 
Medéia vozes - Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
Local: Terreira da Tribo (Rua Santos Dumont, 1186)
Dias: de 8 de maio a 6 de junho (sextas e sábados)
Horário: 19h30
Classificação etária: 16 anos
Duração: 210 min
Entrada Franca

Ficha Técnica: Criação, Direção, Dramaturgia, cenografia, figurinos criados coletivamente pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

Música: Johann Alex de Souza

Preparação Vocal: Leonor Melo

Participam da encenação os atuadores: Tânia Farias, Paulo Flores, Marta Haas, Sandra Steil, Eugênio Barbosa, Paula Carvalho, Jorge Gil Nazário, Clélio Cardoso, Roberto Corbo, Letícia Virtuoso, Geison Burgedurf, Mayura Matos, Keter Atácia, Pedro Rosauro, Daniel Steil, Luana Rocha, Márcio Leandro, Thales Rangel, Alex dos Santos e Pascal Berten.