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Neste mês a Terreira da Tribo, nosso Centro de Experimentação, Pesquisa Cênica e Escola de Teatro Popular completa 30 anos de atividades.
Por isso, compartilhamos com vocês um texto que foi publicado na última Cavalo Louco - a Revista de Teatro da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz - que será lançada ainda este mês!
Vida longa a este generoso espaço de compartilhamento, que movimenta nossas utopias e fomenta nossas paixões!!!
Evoé Terreira da Tribo!
30 ANOS DE UTOPIA
LIBERTÁRIA
Em 1984 a
Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz constitui a Terreira da Tribo, um novo
espaço cultural aberto a todo tipo de manifestações: teatro, música, filmes,
oficinas de arte, debates, happenings, celebrações. O nome deste espaço
feminino, telúrico e anarquista vem de terreiro, lugar de encontro do ser
humano com o sagrado. Além de todas as atividades que acontecem diariamente na
Terreira, o espaço oportuniza às pessoas em geral o contato com o fazer
teatral. Partindo do princípio de que toda pessoa tem um potencial criador, os
atuadores vão desenvolver, a partir de 1985, diversas oficinas abertas à
comunidade. A Terreira consolidou o trabalho do Ói Nóis Aqui Traveiz. Possibilitou aprofundar a investigação do
trabalho do ator e do espaço cênico. Um espaço teatral completamente flexível e
transformável de uma encenação para outra. Colocar o espectador numa situação
inteiramente inédita. Levar às últimas consequências a relação entre ator e
espectador. Incluindo os espectadores na arquitetura da ação. Vendo o público
qualitativamente e não em quantidade, interessando mais a integração alcançada.
É na Terreira que a Tribo buscou o autodesnudamento do ator grotowskiano. Partindo do íntimo de seu ser e
de seus instintos, o ator deve ultrapassar os seus próprios limites e
condicionamentos. O objetivo e a função do ator é fazer ressoar alguma coisa na
intimidade mais profunda do espectador. É também a partir da Terreira da Tribo
que o Ói Nóis Aqui Traveiz vai aprofundar e intensificar a sua pesquisa sobre
teatro de rua. O desejo de interferir no cotidiano da cidade, de levar poesia e
reflexão surpreendendo o dia a dia de centenas de pessoas das mais diferentes
classes, vai levar o Ói Nóis Aqui Traveiz a criar a encenação “Teon – Morte em
Tupi-Guarani”, em 1985. Em seguida a
Tribo encenou “A Exceção e a Regra”, de Bertolt Brecht, iniciando uma
trajetória de encenações para teatro de rua que vão percorrer as ruas, praças,
bairros e vilas populares da cidade. A partir daí o Ói Nóis Aqui Traveiz
organiza um circuito regular de apresentações de teatro de rua – Caminho Para Um Teatro Popular, com os
objetivos de democratizar o espaço da arte e realizar um teatro com temática
social e questionamento crítico da realidade. A função do teatro de rua está em
sua fusão com o cotidiano, em sua interação com a vida e as pessoas. Antes de
tudo o teatro vai chegar a um público novo, inclusive a pessoas que, na sua
grande maioria, nunca vão ao teatro. Em 1988 nasce o projeto Teatro Como Instrumento de Discussão Social
levando oficinas para estimular o
autoconhecimento, a auto-estima e a capacidade criadora de jovens e adultos dos
bairros populares. As oficinas também vão servir como um veículo para a
articulação política e cultural das comunidades. As oficinas na periferia
abriram para um grande número de pessoas um
espaço para a sensibilização e experiência do fazer teatral, apostando
no teatro como instrumento de indagação e conhecimento de si mesmo e do mundo,
assim como um potente veículo de formação, informação e transformação social. O
teatro criado nos bairros populares passou a ser um poderoso aliado na
permanente luta em favor da construção da cidadania. Acreditando no Teatro como
um modo de vida, o Ói Nóis Aqui Traveiz desde a sua origem dissemina ideias e
práticas coletivas, de autonomia e liberdade, compartilhando a experiência de
convivência e de laboratório teatral. A trajetória da Tribo tem sido o
resultado da soma dos desejos e esforços empreendidos por dezenas de atuadores
que passaram pelo grupo e deram o melhor de si na construção de poéticas de
ousadia e ruptura.
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