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Confira as imagens da Performance Onde? Ação nº2 nas províncias de San Juan e Mendoza.
San Juan
A água sabe, a água passou por aí, a água tem curiosidade, quer saber...
Inunda os ouvidos, inunda teus olhos...
Dentro da boca deposita e leva as palavras,
desde os lugares mais profundos, as memórias, a dor vai levar...
Vai levar as histórias pelo rio dos rios, contando e cantando as histórias para o mar.
Cantará aos vales com a voz de pedra, a água que a garganta bebe.
A chuva que ele vê, o barro em que ele anda, a sopa suja que eles comem, o suor que cai.
E essa outra água, essa outra água e os ecos da água...
Porque alguns rios são largos e calmos, verdes e suaves.
E alguns são altos e cortantes, caem desde as montanhas, e o nosso é um rio, liso, frio e ocre, e nos traz nossos homens.
Sobre as pedras dormidas, roda até onde esperamos, mas são tantos os homens que desapareceram,
ou foram mortos, tantos que o rio não pode levar.
Mendoza
Demasiadas histórias, para que o rio as relate,
demasiadas histórias, assim nos trouxe um dos homens,
e o queimaram, e nos trouxe outro mais,
para que o enterrássemos sobre a colina, e rodou o corpo, e o carregou.
E o murmurou até que todos os traços ficassem polidos,
e nos encontrou este corpo e o fez um corpo qualquer, e o fez todo corpo.
É meu, é meu, queira Deus que não seja meu.
É meu, é meu, por favor que não seja meu.
É meu, é meu, queira Deus que não seja meu.
É meu, é meu, por favor que não seja meu...
Texto da obra "Viúdas" de Ariel Dorfman
Fotos: Pedro Rosauro
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