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Nos
dias 21, 27 e 28 de outubro, o público terá a oportunidade de ver
ou rever a encenação multipremiada MEDEIA VOZES, criação
coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, às 19:30
horas, na Terreira da Tribo (rua Santos Dumont 1186). Ingressos no
sympla.com.br e na Terreira da Tribo a R$ 60,00 e R$ 30,00
(estudantes, artistas e idosos). Em novembro a Tribo de Atuadores Ói
Nóis Aqui Traveiz estará encenando 'Meierhold', em São Paulo, e a
Desmontagem 'Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência', no
Ceará.
Fotos de Pedro Isaias Lucas |
MEDEIA
VOZES, adaptação da novela homônima de Christa Wolf, toma uma
versão antiga e desconhecida do mito, e nos traz uma mulher que não
cometeu nenhum dos crimes de que Eurípides a acusa. Por mais de dois
mil anos, Medeia, uma das mais poderosas mulheres da mitologia grega,
é acusada de várias atrocidades, tais como o fratricídio, o
infanticídio e o envenenamento de Glauce, e é esta imagem que foi
imposta à consciência ocidental que Wolf vem negar. O mito é
questionado e reelaborado de maneira original, para analisar o
fundamento das ordens de poder e como estas se mantêm ou se
destroem.
Medeia
é uma mulher que está na fronteira entre dois sistemas de valor,
corporizados respectivamente pela sua terra natal, e pela terra para
a qual foge. Ambas as sociedades, Corinto e Cólquida,
apresentam na sua história um sacrifício humano fundamental, que
serviu para a estabilização do poder patriarcal. Medeia é uma
mulher que enxerga seu tempo e sua sociedade como são. As forças
que estão no poder manifestam-se contra ela, chegando mesmo à
perseguição e banimento, ela é um bode expiatório numa sociedade
de vítimas.
A
Medeia pacifista do Ói Nóis Aqui Traveiz demonstra a inutilidade de
todo processo bélico. A encenação forma uma obra polifônica,
onde, além das vozes dos personagens narradores do romance, somam-
se vozes de mulheres contemporâneas como as revolucionárias alemãs
Rosa Luxemburgo e Ulrike Meinhof, a somali Waris Diriiye, a indiana
Phoolan Devi e a boliviana Domitila Chungara, que enfrentaram de
diferentes maneiras a sociedade patriarcal em várias partes do
mundo.
Com
a criação coletiva Medeia
Vozes
a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz dá continuidade ao
Projeto Raízes
do Teatro e segue uma
linha de investigação sobre teatro ritual de origem artaudiana e
performance contemporânea. Este projeto já trabalhou com mitos que
resultaram nos espetáculos: Antígona
Ritos de Paixão e Morte
(1990), Missa
para Atores e Público sobre a Paixão e o Nascimento do Doutor
Fausto de Acordo com o Espírito de Nosso Tempo
(1994) e Aos
Que Virão Depois de Nós Kassandra In Process
(2002).
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