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CINECLUBE DA TERREIRA DA TRIBO APRESENTA “ÉDIPO REI” DE PASOLINI

Na terça-feira, dia 17 de março, o CineClube da Terreira da Tribo exibe “Édipo Rei' (1967) de Pier Paolo Pasolini. Após a exibição haverá roda de conversa com a professora Paulina Nólibos. No dia 24 será exibido “A Paixão de Joana D'Arc”(1928) de Carl Theodor Dreyer - a mais famosa versão cinematográfica para a história do trágico fim de Joana D'Arc, líder religiosa e militar francesa torturada e queimada pela Igreja sob a acusação de blasfêmia. A produção conta ainda com uma rara aparição nas telas do lendário teatrólogo Antonin Artaud.
O CineClube faz parte da programação “Terreira da Tribo Eu Apoio!” - que é uma campanha de financiamento coletivo e permanente para a manutenção do espaço cultural Terreira da Tribo, através de uma plataforma online. As pessoas interessadas em colaborar na campanha podem fazer uma assinatura mensal no link www.benfeitoria.com/terreiradatribo .



O diretor italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975) tem uma obra curta e impactante. Quase 45 anos depois de sua morte, seus filmes ainda produzem o efeito de estranheza pretendido pelo diretor. Talvez isto aconteça pelo fato de que o mundo que ele tratava de denunciar venceu. Com isto, sua crítica permanece atual e necessária.
Baseado na tragédia clássica de Sófocles, o filme Édipo Rei conta a história do herdeiro do trono de Tebas, que, ao nascer, é abandonado em um deserto porque o Oráculo previu que ele seria responsável pela morte de seu pai e se deitaria com sua mãe. No elenco estão Silvana Mangano (Jocasta), Franco Citti (Édipo), Alida Valli (Rainha de Corinto), Julian Beck (Tirésias), Carmelo Bene (Creonte), Luciano Bartoli (Laio), Ninetto Davoli (mensageiro), Francesco Leonetti, Pier Paolo Pasolini, e Ahmed Belhachmi (Rei de Corinto) .


Alguns dos filmes de Pasolini foram catalogados como pornográficos, o que o desagradou muito. A sexualidade que transpira em seus filmes não é estetizada ou dedicada a atrair a atenção do público. Ela é a presença de corpos desejantes, muitas vezes grotescos, comuns. O provocativo não é o sexo, mas sua expressão natural e variada, sem buscar pela perfeição estética. Pasolini faz cinema como política e o uso dos corpos e da sexualidade é sua forma de transgressão.

Num artigo chamado Tetis, de 1973, sintetiza esta opção: “Em resumo, pois: ao fim dos anos sessenta, a Itália entrou na era do consumo e da sub-cultura, perdendo assim toda realidade, a qual sobreviveu quase que apenas no corpo e precisamente no corpo das classes pobres”. Esta foi a tônica de sua “trilogia da vida” (composta pelos filmes “O Decameron”, “Os contos de Canterbury” e “As mil e uma noites”, filmados entre 1970 e 73). Pouco depois, decepcionou-se com a recepção dos filmes e considerou que a sexualidade também não escapara da massificação.
Em 1975, Pasolini filmou sua obra mais provocativa: “Saló, os 120 dia de Sodoma”, a partir da obra de Sade. A perversão da política e da sexualidade são levados ao limite do suportável, ainda que na memória popular a imagem mais repugnante seja a da coprofagia (pessoas comendo fezes). Naquele mesmo ano, foi brutalmente assassinado. A princípio, um garoto de programa confessou o crime e cumpriu pena por ele; mas há suspeitas de que isto só tenha acobertado um crime político.