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Dirceu Alves Jr.
(Veja SP, 4 de dezembro de 2019)
A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz é o principal coletivo da cena de Porto Alegre. Fundado há 21 anos, o grupo se firmou graças a uma estética provocadora e um permanente diálogo crítico junto ao público em montagens de rua ou desenvolvidas em salas fechadas. Cartaz do Teatro do Sesc Bom Retiro, Meierhold, adaptação da peça do dramaturgo argentino Eduardo Pavlovsky, concentra toda a sua força na reflexão de ideias em uma encenação com raros momentos surpreendentes. Paulo Flores interpreta o ator, diretor e teórico russo Vsevolod Emilevich Meierhold (1874-1940), preso, torturado e fuzilado pela ditadura stalinista por ter sua obra considerada como inadequada. O próprio personagem, tal como um fantasma, reconstitui seu passado e se mune de convicção para ressaltar o firme caráter e a necessidade de liberdade. Em algumas passagens, assume, inclusive, um saudável didatismo. A estrutura de monólogo, bem explorada por Flores, sofre quebras em seu excesso discursivo com as aparições pontuais da atriz Keter Velho, que representa Zinaida Reich, a paixão de Meierhold. O questionamento representado pelo protagonista se mostra atual e pungente, ainda mais em um Brasil em conflito com seus artistas. O Ói Nóis Aqui Traveiz, porém, desta vez, não estimula os olhos e a imaginação do público da mesma forma que desafia o seu cérebro. E isso faz diferença na recepção da mensagem (90min).
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