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Em maio de 1979, o Ói Nóis Aqui Traveiz em colaboração com o artista plástico Carlos Wladimirsky criou, com ousadia e experimentalismo, a performance “O Sentido do Corpo”. A performance integrava diferentes linguagens: teatro, dança, cinema, artes plásticas. Os atores atuavam totalmente nus. Era uma experiência de limites, onde o universo interior dos atores expressava-se em uma linguagem pessoal, através de impulsos resultantes da sua própria subjetividade. A forma encontrada para escapar da censura foi apresentar “O Sentido do Corpo” como uma composição plástica.
O Sentido do Corpo
Um ciclo vital, a pele como registro de sensações, as cores como elementos de vibrações, o nu como símbolo de liberdade – essas ideias estavam presentes em O Sentido do Corpo, espetáculo que, integrando diferentes linguagens (teatro, dança, cinema, artes plásticas), mostrava as inter-relações humanas dentro do ciclo de que vai do nascimento à morte.
Totalmente nus, do princípio ao fim da peça, os atores propunham uma nova relação do indivíduo com seu próprio corpo e a utilização deste corpo como um meio de comunicação mais efetivo e completo.
Ao contrário de Ensaio Selvagem, este foi um espetáculo basicamente de ação, que tinha como texto apenas alguns poemas. Também foi um espetáculo que privilegiou a imagem. Os atores se movimentavam sobre um plástico transparente, que forrava um chão coberto de tintas coloridas. A cada movimento, apareciam diferentes matizes. O tom predominante era o avermelhado.
O cenário tinha a intenção de reproduzir o interior de um organismo que poderia ser um útero ou um coração.
Fachada do Teatro Ói Nóis Aqui Traveiz
A peça tinha dois momentos bem
marcados: na primeira parte, ao som de Adágio, de Albinoni, os
atores estabeleciam um contato físico entre si e com a plateia. Já
na entrada do Teatro, o público era obrigado a passar, por entre os
corpos nus. Na porta os atores, em pé uns sobre os outros, criavam a
imagem de uma pirâmide. Nesse primeiro momento, prevalecia o afago,
a curiosidade, a busca do outro, a descoberta do tocar e do sentir. A
segunda parte iniciava com o corte da música. Nessa hora, os corpos
entravam em catarse. Como registrou Claudia Lindner, na Folha da
Tarde: se retorciam e gritavam. Vivendo uma irracionalidade
progressiva, “(...) onde até mesmo a urina é um elemento a mais
para chocar os espectadores (...)”. Depois de um tempo, o som
recomeçava e se resgatava o tom afetuoso do início do
espetáculo. (“Atuadores
da Paixão” de
Sandra Alencar)
Paulo Flores e Jussemar Weiss |
Encenação: criação coletiva
Coordenação: Carlos Wladimirsky
Cenografia: Rogério Nazari
Iluminação e sonoplastia: Carlos Wladimirsky
Elenco: Adauto Ferreira, Caio Gomes, Clarissa Baumgarten, Marcos Diestel, Paulo Flores e Paulo Vicente
Estreia: maio de 1979
Local: Teatro Ói Nóis Aqui Traveiz
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