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ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ 44 ANOS [PARTE 6]



Em janeiro do ano de 1980 o Teatro Ói Nóis Aqui Traveiz fechou por falta de viabilidade econômica. O grupo se desdobrou e se renovou, entrou e saiu gente e resistiu. Começou uma nova fase: os integrantes vão viver em comunidade e fazer laboratório teatral na “Casa Para Aventuras Criativas”, novo espaço alugado também na rua Ramiro Barcelos. Fundamentado nos princípios de solidariedade, autogestão e anarquismo, a Casa é um reduto de ideias libertárias. No primeiro semestre tem a sua criação “O Amargo Santo da Purificação”, que traz para a cena a história recente da resistência armada contra a ditadura, censurada. No segundo semestre criam “Ananke, A Luta Pela Vida” - uma experiência radical de participação direta do público no espetáculo - com referências de Marcuse sobre a dominação ideológica de instituições como a família e a escola. Criar o novo homem é a necessidade do Teatro e é em busca desta ideia que o Ói Nóis Aqui Traveiz adotou o termo Tribo de Atuadores, que sugere uma nova sociedade, baseada na vivência em comunidade e na valorização das relações diretas e da responsabilidade individual. É na Casa que a Tribo se dedicou a publicação de textos literários que foram vendidos em circuitos alternativos: bares, cinemas, teatros e universidade. 


´Ananke, A Luta Pela Vida´


Em ´Ananke, A Luta Pela Vida´ estão presentes as relações de submissão e rebeldia dos homens com as instituições sociais. A família é apresentada como a síntese de um Estado arcaico e castrador. A crise vivida por Ananke expõe os conflitos do ser humano diante de valores como o poder, o trabalho, o dinheiro, o sexo e a educação. Para contar essa história, criada coletivamente a partir de improvisações, o Ói Nóis Aqui Traveiz montou no palco do teatro uma estrutura de dois andares, aberta (de modo que o público pudesse ver o seu interior), para ser a casa do Supremo (pai da família, senhor dos bens e costumes). Fora da casa sobrevivem os desregrados, os miseráveis, as prostitutas e os loucos. O coro de marginais simboliza a revolução. ´A mudança é tentada por aqueles que não se submetem às regras ditadas pela Casa´. Desde o início da peça, o espectador era levado a optar por um dos lados, pois, até o final, deveria estar pronto para tomar uma posição. Por sua revolta, Ananke é mantida presa no quarto e, quando menos espera, recebe a visita da Mulher da Rua, a líder dos Sem Nada. Ao ser descoberta pela família, a intrusa é barbaramente torturada, o que provoca a ira dos miseráveis, que avançam, decididos a acabar com aquela estrutura de poder. O confronto que se estabelece entre os donos da casa e os excluídos abre caminho para a libertação de Ananke. Esse desfecho dependia incondicionalmente da participação do público, que nesse momento, deveria agir, libertando a moça ou defendendo a Casa.


Texto, direção, cenografia e figurino
: criação coletiva

Iluminação: Roberto Torres

Elenco: Eleonora Rosa, Horácio Borges, Jaqueline Rosa, João Henrique Castilhos, João Batista, José Weiss, Jussemar Weiss, Laércio Circo, Paulo Flores e Rossana Rosa

Estreia: 18 de dezembro de 1980

Local: Teatro Presidente