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“MANCHAS NO LENÇOL”
´Manchas no Lençol´ é o resultado de uma divertida incursão na arte de sombra chinesa. Seus personagens ganharam vida na silhueta de atores e elementos cenográficos iluminados atrás de um pano branco. Com poucos recursos – spots, lanternas, projetor de slides -, objetos triviais- brinquedos de plástico, moldes de papelão – e o rigor gestual, o Ói Nóis conseguiu produzir imagens e efeitos ricos o suficiente para ilustrar na tela cinco esquetes bem variados. A seqüência da história é a seguinte: ´Pela Vidraça eu via...´- Uma narrativa tragicômica da desumanização da medicina – um paciente está a mercê de uma médica sádica. ´O despertar da inteligência´ - uma história em quadrinhos mostra o homem utilizando sua inteligência para a destruição e a barbárie. ´Morte no campo´ - uma síntese da péssima condição de vida dos camponeses. ´O feitiço de amor´ - retrata a procura do amor num mundo desagregado, feito de solidão, anistia e guerra. ´A rosa e o vagabundo´ - uma pantomima mostra a frustração de um vagabundo que vai ao encontro de sua amada. Assim, projetava-se no pano uma operação macabra, cenas de amor, um duelo entre homens primitivos, bruxas com seus caldeirões fervorosos, monstros pré-históricos e até a figura de Charlie Chaplin. Para criar sombras que despertam emoções tão diferentes, o Grupo teve que ser delicado nos gestos, preciso nos movimentos e perspicaz na escolha do ângulo para focalizar o objeto.
Sombras
Com os jovens das oficinas de Experimentação e Pesquisa Cênica da Terreira da Tribo, o segundo dos três espetáculos do Ói Nóis Aqui Traveiz em cartaz é mais um exercício técnico do que qualquer outra coisa. Chama-se matreiramente “Manchas no Lençol”. Mas trata-se apenas de algumas experiências com o teatro de sombras. Atores e objetos cenográficos são iluminados por trás, lançando silhuetas bem delineadas sobre uma tela. Na frente dela, o público recebe as imagens e movimentos com o fascínio de quem assiste a um antepassado da animação cinematográfica. Pequenos truques, efeitos sonoros, luz colorida, humor e a linguagem visual do teatro de sombras conquistam logo a plateia com o apelo pantomímico e fascínio ilusionista. Em cinco cenas breves, “Manchas no lençol”, posiciona-se como exercício e divertimento. Comprova a inquietação do Ói Nóis Aqui Traveiz diante das possibilidades de linguagem cênica. As exigências de habilidade artesanal do teatro de sombras foram bem atendidas. Sugerem até que o teatro de sombras do “Ói Nóis” poderia aprofundar o uso desta técnica numa realização de grande fôlego. A força das imagens obtidas com as sombras oferece um campo fértil para invenção e fantasia.
(Claudio Heeman, Jornal Zero Hora)
Direção: coletiva
Iluminação: Arlete Cunha
Sonoplastia: Jacque Rosa
Elenco: Alex Barros Cassal, Ângela Gonçalves, Antônio Motta, Arlete Cunha, Graça Carpes, Jorge Luís Vieira, Maria Rosa, Salvador Gutterres, Sérgio Etchichury, Silvana Stein e Túlio Quevedo
Estreia: janeiro de 1987
Local: Terreira da Tribo
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