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TRIBO DE ATUADORES ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ 44 ANOS [PARTE 28]


 “A EXCEÇÃO E A REGRA” (Nova Versão)

  




 


O Teatro está  nas ruas da cidade para todos, democratizando o espaço da arte. “A Exceção e a Regra”, criação coletiva da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz baseada na peça do revolucionário dramaturgo alemão Bertolt Brecht, vem sendo apresentada nas ruas, praças e parques, bairros e vilas populares de Porto Alegre e do interior do Estado. Utilizando-se do lirismo e da plasticidade da música e das máscaras, das pernas-de-pau e dos bonecos - a Tribo conta a história de um comerciante, tentando atravessar o deserto em grande velocidade para vencer seus concorrentes. Após despedir o seu guia, o comerciante e o carregador da bagagem se perdem no deserto; ficam sem água e, quando o carregador se aproxima do comerciante com um cantil de água, o último pensa que vai ser atacado e atira, matando o carregador. Chegando ao seu destino, é levado a julgamento pela viúva do carregador, mas o juiz o absolve. Em que se baseia o juiz? Não é mais crível que o carregador se aproximasse do comerciante para matá-lo do que para lhe dar água? Pois não pertencia ele a uma classe que podia por bons motivos, sentir-se explorada nessa distribuição de água? Quanto ao comerciante, como poderia crer num ato de camaradagem vindo do carregador a quem explorava? A razão lhe diria que se achava em perigo mortal.




“O acusado”, conclui o juiz, “portanto, agiu em legítima defesa tanto no caso de ter sido realmente ameaçado quanto no caso de apenas sentir-se ameaçado. Dadas as circunstâncias, tinha razões para sentir-se ameaçado. Isto posto, absolve-se o acusado, e não se toma conhecimento da queixa da mulher do morto.”

Vivemos num mundo onde a violência e o terror são coisas dadas como certas. Essa é a regra. Nosso senso de justiça também aceita isso como coisa certa. As exceções nos surpreendem. Não podemos crer que sejam possíveis. Pois a bondade pode ser uma forma de traição para com o agente. Um sistema construído sobre a violência mede todos os atos em termos de violência. Pois esse é um tempo de “confusão e sangue, desordem ordenada, arbítrio de propósito, humanidade desumanizada”. “A Exceção e a Regra”  é reveladora da verdade da justiça de uma sociedade dividida em classes. Brecht com o seu teatro dialético, que diverte e faz pensar, revela o fundamento e a ideologia da justiça capitalista baseada na parcialidade de uma sociedade fundada na morte e existindo no terror. Em tal sistema, “humanidade é exceção, assim, quem se mostra humano paga caro essa lição”. Mais um vez, o clamor: Não considere nada inalterável!   
 
 

 

 


“A EXCEÇÃO E A REGRA”

 
Autor: Bertolt Brecht
Direção: coletiva
Música: Alex de Souza, Caio Gomes, Mário Falcão e Zé da Terreira
Figurino: Tânia Farias
Máscaras: Isabella Lacerda
Bonecos e adereços: Clélio Cardoso e Renan Leandro
Elenco: Anna Fuão, Caio Gomes, Camila Moura, Carla Moura, Clélio Cardoso, Cristiano Carvalho, Dedy Ricardo, Denise Souza, Edgar Alves, Fernanda Thiesen, Graziela Gallicchio, Mauro Rodrigues, Paulo Flores, Renan Leandro, Sandro Marques, Tânia Farias, Urso da Silva e Zé da Terreira
Intérpretes em substituição: André Luís, Daniele Fagundes, David Ouriques, Gustavo Gojen, Luís Fernando Xavier e Renato Linhares
Estreia: 29 de outubro de 1998
(Espetáculo de rua)