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TRIBO DE ATUADORES ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ 44 ANOS [PARTE 44]

A performance ‘Manifesto de Uma Mulher de Teatro’ parte da personagem Ofélia, de um dos textos mais contundentes da dramaturgia contemporânea, Hamlet Machine de Heiner Müller - marcante na trajetória da atriz Tânia Farias -, a performance traz ao centro da arena a vociferação contra a engrenagem de violências às quais mulheres são continuamente submetidas. Jogar luz sobre mulheres, evocá-las, contar suas histórias é a motivação central dessa ação ainda em construção. As mulheres que cruzam o caminho da atriz compõem o texto manifesto que abraça a performance de Tânia Farias.  Vozes como a de Violeta Parra, Gioconda Belli e da própria atriz, que ousa contar detalhadamente sua história pessoal de violência sofrida e intercruzar com outra real, a de Magó, bailarina barbaramente violentada e assassinada em 2020, ao qual a atriz presta homenagem. Um ato político contra a violência de gênero, uma nova etapa de construção da reflexão dessa mulher de teatro num momento tão trágico, de autorização de todo tipo de barbárie contra mulheres, negros, lgbtqia+ e tudo o que o conservadorismo dessa elite atrasada considera uma ameaça ao seu projeto de morte, de não corpo e de não felicidade.






Tendo como base o Teatro Ritual de Antonin Artaud e o Teatro Épico de Bertolt Brecht, a Tribo bebeu de diversas fontes cênicas durante a sua trajetória, como o teatro revolucionário do Living Theatre, o trabalho de ações físicas dos mestres europeus Stanislavsky, Meierhold, Grotowski e Eugênio Barba, e dos brasileiros Augusto Boal (Teatro do Oprimido), José Celso Martinez Corrêa (Teatro Oficina) e Amir Haddad (Tá Na Rua). Nesses quarenta e quatro anos criou encenações que marcaram o teatro brasileiro como Ostal, Antîgona Ritos de Paixão e Morte, Fausto, A Saga de Canudos, Kassandra In Process, O Amargo Santo da Purificação e Medeia Vozes.



Acreditando no Teatro como um modo de vida, o Ói Nóis Aqui Traveiz desde a sua origem dissemina ideias e práticas coletivas, de autonomia e liberdade, compartilhando a experiência de convivência e de laboratório teatral. A trajetória da Tribo tem sido o resultado da soma dos desejos e esforços empreendidos por dezenas de atuadores que passaram pelo grupo e deram o melhor de si na construção de poéticas de ousadia e ruptura. É fundamental para o Ói Nóis Aqui Traveiz a abertura para novos participantes. As pessoas que buscam a Tribo se identificam com as premissas que movem as atividades do grupo. As ideias anarquistas que são colocadas na prática no dia a dia do grupo, tanto na criação como na sua organização, é que vão apaixonar ou não os novos participantes. Ao mesmo tempo em que estas ideias e práticas são sólidas na atuação do grupo, a constante renovação dos atuadores não permite que nada possa ser cristalizado. Esse movimento contínuo reafirma a prática libertária. Novas pessoas são novas idéias e novos sentimentos, levando a um repensar diário da prática da Tribo. A organização da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, baseada no coletivo, e seu funcionamento autônomo, vai revelar-se no fazer teatral, dando continuidade a uma história de perseverança e luta do teatro independente da América Latina. Enfrentando todas as dificuldades econômicas e os perigos do pensamento autoritário, o Ói Nóis Aqui Traveiz está onde sempre esteve, combatendo o fascismo, o ódio e a intolerância em defesa da democracia, da liberdade e da justiça social.